Aton

Deus do disco solar. Representado pela imagem do sol com mãos humanas na ponta de cada raio. Em algumas imagens, Aton segura a chave da vida, ankh, indagando que seus raios davam vida aos por ele iluminados.

Pode ser encontrado nas cartas:

IArc19IArc75

Muita atenção é dada a Aton (ou Aten) porque, por um curto momento da história egípcia, ele foi considerado o Deus Supremo, onipotente do Egito. Até então a religião egípcia sempre foi politeísta, com diversos deuses criadores, padroeiros do sol e dos fenômenos da natureza. Essa tentativa de revolução na religião egípcia foi feita pelo Faraó Akhenaton e sua esposa Nefertiti (1350 a.c.) possivelmente causada por uma disputa de poder entre a família real e os Poderosos Sacerdotes de Amon-Rá. Akhenaton nomeou Aton o Deus supremo do Egito e mudou seu próprio nome de Amenóphis IV, que significa “Amon está satisfeito”, para Akhenaton “aquele onde o sol está satisfeito”. O Faraó também destruiu os templos de Amon, e construiu lindos templos dedicado a Aton. Akhenaten e Nefertiti foram devotos à Aton e tentaram propagar o monoteísmo. Mas após sua morte, seu filho Tutankhamon retomou os cultos dedicados à Aton e aos outros deuses egípcios.

Anúbis

O homem com cabeça de chacal. Patrono da mumificação. O guia dos mortos no submundo. Deus dos mortos. Quem faz a conexão entre o visível e o invisível.

IArc05IArc65IArc18IArc49IArc51IArc67

Anúbis é um deus muito antigo na história da mitologia egípcia. Também conhecido comoAnubis1 Anpu. Acredita-se que sua existência como deus dos mortos se originou da observação da presença de chacals em cemitérios comendo cadáveres, ou oferendas deixadas para os mortos. (Armour, 1999) Mitos mais antigos dizem que Anúbis era o quarto filho de Rá. Primitivamente, era o deus criador na prefeitura de Sepa, e patrono da cidade de Behdet. (Morel & Moral, 1987)
Porém, posteriormente mitos dizem que Anúbis era filho bastardo de Osíris e Neftis. A lenda de Osíris diz que Neftis traiu seu marido Set, deus do Caos, com Osíris, e temendo a fúria de seu marido, Neftis abandou seu filho. Anúbis então foi criado por cães, até que sua Tia Isis o resgatou e o criou. A partir disso, Anúbis virou o protetor de Isis, quem o ensinou a fala dos humanos, medicina e a arte do embalsamento.

Também foi companheiro de Thot durante o resgate dos pedaços de Osíris e na mumificação corpo. Foi Anúbis que ergueu o corpo de seu pai e o fez ressuscitar com o seguinte encantamento: “levanta-se e viva, eis a sua nova aparência. Afaste o crime de quem lhe fez mal.” Com isso Anúbis se tornou muito importante durante o embalsamento daqueles que buscavam a ressurreição assim como Osíris; e durante os rituais da abertura da boca avia um sacerdote que usava uma máscara de chacal, incorporando o deus Anúbis (Armour, 1999).

Anubis scale
No “Livro dos Mortos” Anúbis era um personagem principal, conhecido como o “contador de corações.” Ele recebia o morto no submundo e o guiava para o Julgamento de Osíris, aonde o coração do morto era posto em uma balança, e seu peso era comparado com o peso da pena da verdade. Era Anúbis quem determinava o resultado dessa avaliação. Se a finado não passasse o julgamento, sua alma seria devorada por Ammit, um animal com cabeça de crocodilo, corpo de leão e o traseiro de um hipopótamos, seu nome significava o “devorador de mortos.” Se a alma fosse absorvida, Anúbis o acompanharia a presença de Osíris. (Armour, 1999)

Amon

Amon

Deus que veste o chapéu de duas prumas de avestruz, Rei dos Deuses, Deus Nacional do Egito, foi associado com um carneiro, com o sol; com o ar e o vento do sopro da vida; padroeiro dos navegadores.

  • Deus nacional do Egito a partir da Décima oitava Dinastia.
  • Como Rá, Amon-Rá foi associado como o Deus Sol quem criou o universo, sendo fonte geradora de toda a vida.
  • Amon também foi associado com o vento e o ar, sendo assim deus dos marinheiros, era chamado “o piloto que conhece as águas.” (Armour, 1989)
  • Como Deus Nacional, Amon, tinha poder político, era protetor do Faraó e garantia a vitória contra os inimigos. Amon era celebrado no festival de Opet. Opet era um dos mais importantes festivais no Egito. Ele marcava o início da estação de cheia do Nilo. Egípcios vinham de todos os lados para a cerimônia, que durava muitos dias. No auge da cerimonia avia um ritual onde Amun transferia seus poderes para o Faraó ou Faraóa. Tinha música, dançarinas, comida e bebida de graça e processões. Em uma procissão o Sacerdote benze estatuetasamun-ra de deuses em seu templo, e as colocam dentro de uma urna que é posto em uma arca e carregada na procissão ao rio Nilo. (Armour, 1989) (Watson, 2011)
  • Amon não só dava sua força para os faraós, mas era pai ou padrinho dos Reis e Rainhas líderes dessa época. Um mito que ilustra esse atributo é o mito da Faraoa Hatshepsut. Hatshepsut governou no Egito em 1479 BC, assumiu o reinado após a morte de seu marido e meio irmão Thutmose III. O mito dizia que Amon incorporou em seu pai, e fez amor com a Rainha, concebendo a criança sagrada que seria herdeira do trono.
  • Um outro fato interessante sobre Amon era que supostamente ele era capaz de controlar o tempo de vida de indivíduos, ele podia prolongar ou diminuir o tempo de vida das pessoas, e dar mais anos de vida a quem ele amava. (Shorter, 1993)
  • No Tarot ele aparece nas cartas:
    56, 64 (chapeu), 74

Akhenaton

Há muita especulação sobre a história do Faraó Akhenaton, pois ele trouxe uns dos primeiros indícios do monoteísmo na história da religião. Listarei aqui alguns fatos e hipóteses sobre sua vida e seu reinado.

  • Akhenaton foi o 9º Faraó da 18ª dinastia e reinou de 1356ac até sua morte, aproximadamente 17 anos.
  • Seu pai era Amenhotep III e sua mãe a Rainha Tiye. Morava com sua família na capital do Egito, Tebas, cede diversos templos e túmulos dedicados a preservação e veneração de antigos faraós e dos deuses egípcios. O deus mais popular na época era o Deus Amon-Rá, e seus sacerdotes tinham poder excessivo sobre a sociedade.
  • Akhenaton aparentava ser “a ovelha negra da família” por estar absente em muito retratos de família e parece não comparecer a cerimonias religiosas. Ele não era o sucessor escolhido por seu pai, mas era protegido por sua mãe, a poderosa rainha Tiye, quem o pôs no poder após a morte de seu irmão e de seu pai. (Pharaoh Akhenaten, n.d.) (Brier, 2014)
  • Akhenaton se casou com a famosa Rainha Nefertiti. Nefertiti foi muito influente em seu Reinado, se tornando co-faraóa e cumplice de Akhenaton em seu governo.
  • Akhenaton era um revolucionário que lutou para transformar radicalmente a cultura Egípcia:
    • na religião: a transformando temporariamente o politeísmo para monoteísmo ou henoteísmo,
    • na arte: introduzindo o naturalismo, (expressando as verdadeiras qualidades físicas do faraó e sua família),
    • e também na arquitetura– com diversas inovações, que podem serem vistas na cidade de Amarna. Um exemplo sendo que os templos de Akhenaton não tinham teto, para melhor contemplação do deus sol Aton.
  • No segundo ano de seu reinado ele nomeou Aton, o deus do arco solar, o deus Supremo, todo criador, sua graça brilhava sobre o Rio Nilo. Akhenaton se pronunciou o profeta de Aton na terra e mudou o seu nome de Amenhotep para Akhenaton (O que bem serve à Aton) e o nome de sua esposa para Nefertiti (Beleza, é a belaza de Aton).
    – Akhenaton e Nefertiti se mudaram para Amarna onde construíram uma nova capital, bem planejada com distritos urbanos, piscinas, jardins, e uma avenida paralela ao Rio Nilo. A construção possuía um estilo único de arquitetura.
  • Fora de Amarna, Akhenaton fechou e destruiu templos dedicados a outros deuses, confiscou fazendas e bens de sacerdotes que preservavam a antiga religião e o sistema associado com ela (Bunson, 2002).
  • Apesar de tudo, o período de Monoteísmo no Egito não foi duradouro, e mesmo durante o reinado de Akhenaton os poderes foram sendo restituídos aos deuses tradicionais.
  • Há especulações de que Akhenaton e Nefertiti focaram demais na reforma religiosa, negligenciando outros aspectos do império, causando uma instabilidade no Reinado, e que os conflitos gerados nessa época marcam o início do declínio da antiga civilização egípcia.
  • Alguns historiadores acreditam que Nefertiti se tornou muito poderosa, e que tarde no reinado ela se tornou Co-Faraóa, se mudou e construiu seu próprio império. E que, após a morte de Akhenaton, ela governou o Egito sozinha por 2 anos. O casal teve 7 filhas e nenhum filho homem. Há indícios de que uma delas, Meritaten, tomou o lugar de sua mãe quando Nefertiti partiu para seu próprio reinado. Não podendo gerar um sucessor homem com Nefertiti, Akhenaton teve seu filho, Tutancâmon, com outra mulher, possivelmente sua própria irmã. Nefertiti adotou Tutancâmon e o criou junto às suas filhas. Tutancâmon assumiu o reinado de seu pai com apenas 8 ou 9 anos, foi aconselhado por Nefertiti, e depois por sua esposa e irmã Ankhesenamun. Infelizmente, o casal não teve sucessores, recentemente o tumulo da múmia do feto de seus filhos foi encontrado. Tutancâmon morreu Jovem. Após sua morte não é muito claro se seu trono foi tomado por Ay, seu tiu avó ou pai de Nefertiti, ou por um comandante Horemheb. O império Egípcio passou um tempo desestabilizado até a era dos Rameses (David, 1992) (Hawass, 2010)
  • O Surgimento do Monoteísmo, a morte precoce de Tutancâmon e a aparente desfiguração física vista nos retratos de Akhenaton e sua família, geraram muita curiosidade por estudiosos em diversas áreas como arqueologia, medicina, religião, psicologia. Muitas hipóteses foram criadas sobre ele e sua família, por exemplo:
    • Que sua figura feminina e crânio alongado eram sinais de uma doença genética, que causou sua morte prematura tanto quanto a de seu filho Tutancâmon.
    • Que Akhenaton sofria de Epilepsia, e suas crises eram desencadeadas pela luz (do Deus Sol Aton), trazendo visões ao Faraó. (Hamzelou, 2012)
    • Sigmund Freud em seu livro Moses and Monotheism associou Akhenaton e suas ideias monoteístas a Moisés. Ele disse que Moisés era um membro da nobreza Egípcia e que seu Êxodo ocorreu após o reinado de Akhenaton, levando com si a religião de Atom. Algumas semelhanças entre as duas religiões traçadas por Sigmund Freud são: o fato de ambas cultuavam um único deus e serem intolerantes a adoração de outros deuses; e nas duas religiões, esse deus não era manifestado por uma imagem especifica (como uma pessoa ou um animal), para Akhenaton a energia de Aton era manifestada através de seus raios; e o fato que ambas praticam o ritual de circuncisão, que era comum entre a nobreza egípcia e muito importante para os Judeus. (Hill, 2010) (Pharaoh Akhenaten, n.d.) (Freud, 1937) (Edmundson, 2007)
  • Os estudos da tumba de Tutancâmon com as múmias de sua família esclareceram algumas questões sobre Akhenaton e sua família. A tomografia das múmias de Akhenaton e Tutancâmon não comprovaram a hipótese de que eles tinham uma doença genética como Síndrome de Marfam, que causariam o crânio alongado e o corpo afeminado. O Crânio e o corpo dos cadáveres pareciam ser normais. Zahi Hawass e sua equipe então deduziram que a cabeça alongada e os traços femininos retratados nas imagens de Akhenaton eram símbolos de Aton, que possuía tanto o feminino, quanto o masculino, sendo assim a fonte de toda a vida. Os arqueólogos também notaram que Tutancâmon sofria de necrose em seu pé, e caminhava com ajuda de uma muleta, outras evidências para isso eram as muletas encontradas em sua tumba e os retratos de Tutancâmon que ilustravam ele sempre sentado.  Além disso, analises do DNA revelaram que Tutancâmon sofreu de malária. Aparentemente Tutancâmon, como consequência da endogamia de seus pais (sendo eles irmãos), era fraco e tinha o sistema imune debilitado assim vulnerável a quedas, infecções e viroses, o que provavelmente causou sua morte precoce. (Hawass, 2010) (F. J. Ruhli, 2013)

Em conclusão, Akhenaton, Nefertiti, Tutancâmon e toda 18ª dinastia, marcada por ideias revolucionarias, mulheres poderosas e drama familiar, despertou e desperta muita curiosidade.  Com sua tumba Tutancâmon procurou preservar a vida eterna de seu espírito e os de seus ancestrais, este relato comprava que ele vem sucedendo em preservar seu espirito vivo em nossas mentes, nos mantendo fascinados pela cultura e história desse grande império e seus líderes. Muitos embarcam nessa jornada em busca de desvendar a história egípcia e com isso as histórias de nossas próprias raízes, mas a realidade em si nunca saberemos, mesmo os cientistas confirmam, que as pistas são insuficientes para decifrar o enigma dos Faraós.