O homem com cabeça de chacal. Patrono da mumificação. O guia dos mortos no submundo. Deus dos mortos. Quem faz a conexão entre o visível e o invisível.
Anúbis é um deus muito antigo na história da mitologia egípcia. Também conhecido como Anpu. Acredita-se que sua existência como deus dos mortos se originou da observação da presença de chacals em cemitérios comendo cadáveres, ou oferendas deixadas para os mortos. (Armour, 1999) Mitos mais antigos dizem que Anúbis era o quarto filho de Rá. Primitivamente, era o deus criador na prefeitura de Sepa, e patrono da cidade de Behdet. (Morel & Moral, 1987)
Porém, posteriormente mitos dizem que Anúbis era filho bastardo de Osíris e Neftis. A lenda de Osíris diz que Neftis traiu seu marido Set, deus do Caos, com Osíris, e temendo a fúria de seu marido, Neftis abandou seu filho. Anúbis então foi criado por cães, até que sua Tia Isis o resgatou e o criou. A partir disso, Anúbis virou o protetor de Isis, quem o ensinou a fala dos humanos, medicina e a arte do embalsamento.
Também foi companheiro de Thot durante o resgate dos pedaços de Osíris e na mumificação corpo. Foi Anúbis que ergueu o corpo de seu pai e o fez ressuscitar com o seguinte encantamento: “levanta-se e viva, eis a sua nova aparência. Afaste o crime de quem lhe fez mal.” Com isso Anúbis se tornou muito importante durante o embalsamento daqueles que buscavam a ressurreição assim como Osíris; e durante os rituais da abertura da boca avia um sacerdote que usava uma máscara de chacal, incorporando o deus Anúbis (Armour, 1999).
No “Livro dos Mortos” Anúbis era um personagem principal, conhecido como o “contador de corações.” Ele recebia o morto no submundo e o guiava para o Julgamento de Osíris, aonde o coração do morto era posto em uma balança, e seu peso era comparado com o peso da pena da verdade. Era Anúbis quem determinava o resultado dessa avaliação. Se a finado não passasse o julgamento, sua alma seria devorada por Ammit, um animal com cabeça de crocodilo, corpo de leão e o traseiro de um hipopótamos, seu nome significava o “devorador de mortos.” Se a alma fosse absorvida, Anúbis o acompanharia a presença de Osíris. (Armour, 1999)
A Deusa Gata, deusa do prazer, protetora feroz dos deuses e faraós.
Bastet era uma das filhas do deus sol, Rá, seus atributos e mitos se misturavam com os das
outras filhas de Rá como Hathor, Sekhmet e Mut. Sua mitologia mostra a dualidade entre a ferocidade da leoa selvagem e a doçura da felina domada. Em forma de olho de Rá ou de uma leoa, Bastet era feroz e vingativa, seu pai Rá à usava para suas vendetas. Mas já quando ela tomava forma da gata, era mansa e meiga. Essas faces de Bastet foram comparadas com o ciclo menstrual feminino e a disponibilidade para aproximação. A gata de baixo da cadeira de uma imagem feminina no templo simbolizava que ela estaria sempre disponível sexualmente ao dono do templo no submundo. (Hart, 2005)
Inscrições no templo do Rei Khafra citam Bastet como deusa do Egito do Sul e Hathor do Norte. E mostra seus filhos, Mihos, homem com face de leão, Nefertum a deusa do perfume, e Hórus (o jovem). Ela oferece proteção a filha de Atum.
Na cultura Grega Bastet tinha o nome de Artêmis e ela era celebrada em festivais com banquete, música, dança licenciosa e muito vinho. Tocavam o chocalho, sistrum, em veneração a deusa.
Osíris era representado pela coluna de Djed que significa estabilidade, durabilidade, pode também ser vista como o suporte do céu e símbolo do renascimento. (Clark)238-239
Em diversas cerimonias o erguimento da coluna de Djed ou da múmia (outro símbolo que se refere a Osíris) significava a ressurreição, e a esperança de salvação eterna da alma.
Alguns símbolos usados no Egito, foram originados em outras culturas, mas a coluna de Djed e o Olho de Ra originaram-se na cultura egípcia, anteriormente ao Mito de Osíris, esta coluna foi associada com o antigo deus do velho Egito, Ptah, que era chamado, “o Nobre Djed”.
O historiador Manfred Lurker acreditava que ela começou a ser usada como um símbolo de poste da fertilidade e tinha fileiras de espigas de milhos amarrados nela. O ritual de erguimento da coluna seria realizado para associar seu reinado com estabilidade.
Já Outro historiador R. T. Rundle Clark acredita em outra origem de Djed, acredita que eram colunas ladeavam as janelas dentro do palácio, e quando se olhava pela janela aparentava que elas sustentavam o céu, garantido um espaço de ar, onde a autoridade do rei prevalece. (Armour, 1989)
O grande civilizador do Egito, quem introduziu agricultura, leis e rituais religiosos.
Símbolo do céu, do Nilo, do trigo.
O fecundador do mundo.
O sol, suas viagens para conquistar o oriente poderia representar o percurso do sol pelo céu, espelhando por toda parte sua fecundidade. (Hemus, 1984)
A ressurreição de Osíris por Iris e Néftis é associada com o retorno da fertilidade da terra após a enchente. As águas da enchente do Nilo era denotada vindo das coxas do Deus. Além das águas do Nilo, Osíris também é associado com a virilidade sexual e a fertilidade nas mulheres, “Osíris é o espírito universal do crescimento.”(Clark)127-129. (Hamlyn)
Osíris representa o desejo de toda a alma à transcender a morte.
O Deus do submundo. O Juiz da alma do falecido durante o Julgamento dos Mortos.
O Mito de Ísis e Osíris
Osíris como faraó
Osíris foi o primeiro filho de Geb (deus da terra) and Nut(Deusa do céu). Mitos dizem que ele nasceu como deus, mas cresceu como homem. Osíris se tornou Faraó, e foi creditado por ensinar o povo do Egito a arte da agricultura, do feitio de vinho, pão e cerveja, e por ensinar diversos oficios pra que o povo se afastassem de uma sobrevivência “selvagem” de colheita, caça e até canibalismo. Mitos dizem que Osiris foi o quarto faraó, construtor da civilização e também responsável pela expansão do reino do Egito através da Ásia, mas em suas conquistas Osiris não utilizou de violência, era inimigo da violência, e foi capaz de vencer país após país, usando sua sabedoria, músicas e a promessa de felicidade e ordem.
1º assassinato de Osíris
O mito diz que o império de Osíris foi abalado quando ele partiu para conquistar outras terras longínquas, deixando o reino sob cuidados de Isis, que fez um bom trabalho e conseguiu manter a ordem do reinado. Porém, seu irmão ciumento, Seth, fez um plano para assumir o reinado. (Hamlyn) Seth conspirou com seus ajudantes, e a rainha da Etiópia, que tinha inveja do sucesso de Osíris com seu povo, para fazer uma armadilha para o Faraó. Construíram um lindo baú com as exatas dimensões de Osíris. E convidaram Osíris para uma festa, durante a festa Seth trouce o baú e anunciou que baú seria doado para aquele que coubesse dentro. Todos os convidados tentaram entrar dentro do baú, mas não couberam, então era vez de Osíris entrar, e ele todo feliz entrou para descobrir que o cabia certinho, mas antes dele poder sair, Seth fechou o baú e o lacrou. Então os participantes da festa levaram o Baú para o rio Nilo e o jogaram na água, para ser levado para bem longe pela corrente. Isis estava viajando, mas ficou sabendo imediatamente do assassinato de seu marido, e começou o seu lamento. Desesperada, Isis partiu a procura do baú com o corpo de seu marido, procurando-o ao longo do rio Nilo.
Descoberta do nascimento de Anúbis
Durante sua busca Isis descobriu que sua irmã (e mulher de Seth) Néftis tinha se apaixonado por Osíris e o enganou para se deitar com ela. Desse evento, Néftis engravidou. Temendo a fúria de Seth, ela abandonou a criança após o parto. O bebê foi salvo por um grupo de cachorros selvagens. Ao saber do acontecimento, Isis localizou o grupo de cães, resgatou seu sobrinho e o criou como seu próprio filho, dando a ele o nome de Anúbis. Isis logo perdoou sua irmã. Com isso, Néftis abandonou seu marido, Seth, juntou-se a Isis e passou a se dedicar à procura do corpo de Osíris.
Encontro do corpo de Osiris/ coluna de Djed
Enquanto isso o baú, contendo o cadáver de Osíris assentou-se no banco do Nilo, em Byblos, adjacente a uma árvore de tamarisco e ali ficou até que a árvore cresceu ao redor do baú, formando um formoso tronco, de grande porte e belas flores, sua beleza o fez famoso. Até que o Rei Malkander e sua mulher, Athenais, vieram apreciar a vista, e admirados ordenaram que a árvore fosse cortada e usada na construção de um pillar para suspender o telhado de seu palácio, não suspeitando que dentro dele se encontrava o corpo de Osiris.
Ao passar do tempo, Isis, guiada por pistas dadas por crianças, rastreou a localização do baú, o que a trouxe a Byblos, onde ela se sentou na beira do rio e atraiu a atenção das empregadas da rainha. Elas conversaram e Isis ensinou elas à trançar seus cabelos e usar joalherias, e seu bafo perfumou à elas e suas roupas com um magnífico aroma. Quando as empregadas da Rainha voltaram para o castelo, Athenais as perguntou sobre a origem daquela deliciosa fragrância, então as serventes a levaram ao encontro de Isis. Logo ao encontra-la as duas se tornaram grande amigas, e Isis foi convidada a corte de Athenais.
Um dos filhos da rainha sofria com uma doença incurável, Isis se ofereceu a curar o menino. Ela pediu que ficasse só com o menino durante as cerimonias de cura, mas um dia a mãe curiosa entrou no berçário e ficou chocada ao ver que Isis colocou a criança em frente de chamas de fogo, e se transformou em uma andorinha, voando em volta do Pilar, fazendo um canto de intenso lamento. A mãe desesperada pegou seu filho e correu com ela, mas Isis a alcançou e disse que era a mãe era tola por fugir, porque se Isis continuasse seu tratamento, logo seu filho estaria curado e seria transformado em um Deus, imortal. A mãe entendeu que ela estava diante de uma deusa. Isis então curou a criança, e seus pais ofereceram um presente como gratidão. Isis pediu a coluna que sustentava o telhado do castelo. Isis comandou que carpinteiros retirarem o baú do tronco, e restaurou a coluna com linho e fragrantes flores, e a retornou para o castelo. Essa coluna virou a famosa coluna de djed que foi adorada pelos seguidores de Osiris. Após isso, Isis se pôs a lamentar; seu lamento era tão terrível que um dos filhos do Rei morreu aterrorizado. Isis então pôs o baú em um barco e partiu levando outro filho do Rei, durante a viajem Isis abriu o baú e começou a se lamentar, o menino a surpreendeu e quando ela virou e o olhou, ele morreu, como seu irmão.
Isis continuou sua viajem pelo Nilo, secando a água que entrava no barco com sua magia. Quando Isis chegou ao Delta, ela levou o baú a terra firme. Então, ela e Néftis tentaram ressuscitar Osíris recitando o seguinte encantamento: 1ª ressurreição de Osíris/ concepção de Hórus
“Quem trabalhou em seu corpo sem vida com cordas atadas,
Quem aqueceu seu corpo com o calor do seu peito,
Quem fez a entrada de ar com o bater de suas asas,
Quem fez o fluxo de vida do seu corpo em Isis,
Para o chambre da morada da vida.”
E com esse encantamento, Isis foi capaz de aquecer o corpo de Osíris e soprar a respiração da vida dentro de seu corpo por tempo suficiente para que ele pudesse à engravidar com seu filho Hórus. No templo de Dendora existe uma imagem ilustrando esse momento, que mostra Isis pairando como um pássaro sobre o corpo de Osíris com seu pênis ereto.
Seth perseguiu Isis e à aprisionou, mas ela escapou com a ajuda de Anúbis e fugiu para o pântano. No dia do equinócio da primavera, Isis pariu Hórus, junto aos novos brotos de grão que brotavam na beira do rio. Foi um parto difícil que só aconteceu após dois deuses aparecerem e mancharem sua testa com sangue, o símbolo da vida. Após o nascimento, Thot apareceu e falou para Isis fugir com a criança para protege-la de Seth, e mantê-lo escondido até ele estar na idade certa para assumir seu trono como O Grande Rei dos dois reinos (Baixo e Alto Egito). Isis então levou a criança para o Baixo Egito, na cidade de Pe, uma cidade em uma ilha flutuante. Isis soltou os laços que segurava a ilha, que flutuo para as profundidades do pântano, onde ninguém os poderiam encontrar.
Isis no Delta/ Tefen o Escorpião
Mitos dizem que durante sua fuga, acompanhada de seu filho e 7 escorpiões, Isis procurou refúgio na casa de uma nobre dama. Quando a dama viu Isis e seus acompanhantes, ela fechou a porta em sua cara, não sabendo à quem ela recusava ajuda. Isis encontrou outro abrigo, mas não conseguiu perdoar a mulher que e a desprezou. Magoada, Isis usou sua magia e fez que 6 de seus escorpiões depositassem seu veneno em um deles, Tefen. Este então entrou por debaixo da porta e da casa da dama e picou seu filho. O menino não resistiu ao veneno e morreu. Sua mãe desesperada saiu a procura de socorro, mas não conseguiu ajuda, foi recusada ajuda assim como ela recusou ajudar Isis. Então a Deusa sentiu piedade da mãe e veio acudir o menino. Isis recitou um feitiço para que os escorpiões removessem o veneno do menino: “A criança viverá, o veneno morrerá, como Hórus é forte para mim, sua mãe, a criança também será para sua mãe.” Com isso a criança ressuscitou. Esse feitiço se tornou um mantra para aliviar os efeitos de venenos no Antigo Egito.
Isis voltou para casa vestida como mendiga, pois teve que se redimir a viver de esmolas para sustentar seu filho. Quando ela chegou em casa, encontrou Hórus doentio, caído no chão. Nem o leite materno o curava. Foi quando chegaram 2 mulheres carregando a chave da vida, ankh, e diagnosticaram a doença como picada de escorpião. Isis tentou usar o mesmo encantamento que usará no filho da Dama, mas foi em vão. Finalmente Thot apareceu para a socorrer. Isis expressou sua indignação pela demora de Thot para acudir o garoto. Ele disse que veio com a barca solar e que todos os deuses estavam preocupados. O Sol estava parado, e o mundo estava em escuridão até que o futuro Deus Solar estivesse curado. Thot então recitou um encantamento para curar o menino Hórus. Após a recuperação da criança, Thot ordenou as mulheres do Delta que ajudassem Isis a criar o menino que iria ser o futuro rei das Duas Terras, com a ajuda de Osíris, Isis e Ra.
O 2º assassinato de Osíris
Depois disso, tudo andava bem até que o corpo de Osíris, que tinha sido embalsado com a ajuda de Anúbis e Thot, foi descoberto por Seth. Em uma noite de lua, Seth estava galopando em seu cavalo caçando porcos selvagens, quando viu o baú que tinha feito para Osíris. Seth amarrou seu cavalo, abriu o baú, retirou o corpo de Osíris e o cortou em 14 pedaços, enquanto ria com uma risada diabólica e dizia em vós alta: “Não é impossível destruir o corpo de um Deus, mas Eu acabei de fazer isso, Eu destruí Osíris.” Porém ele estava enganado.
Isis e sua procura dos pedaços de Osíris
Isis saiu novamente a procura de seu marido. O mito diz que ela navegou o Nilo em um barco de papiro, acompanhada de pássaros e brutos. Enquanto navegavam crocodilos se afastavam do barco, eles não se atreveriam atacar tal divindade. Por conta desse mito, no Egito Antigo acreditavam que crocodilos não atacavam barcos de papiro. Isis encontrou um a um dos pedaços de Osíris. Em cada lugar em que encontrava um pedaço ela pretendia enterrar esse pedaço e construía um santuário. Supostamente Isis fazia uma moldura de cera imitando cada parte e a enterrava, com o fim de enganar Seth se ele viesse a procura do corpo de seu irmão. O único órgão que Isis não conseguiu encontrar foi o órgão sexual de seu marido, que foi devorado por peixes- os lepidotos, fagrus e oxyrhynchus. Ao não encontrar o órgão, Isis construiu uma moldura do pênis de Osíris. De acordo com o historiador Plutarco, Isis instituiu um festival solene para memória do órgão sexual de Osiris.
A 2ª ressurreição de Osíris
Enquanto Isis procurava as partes de Osíris, Hórus, Anúbis e Thot, foram atrás restaurando o corpo. Depois de todas as partes foram encontradas, menos a comida pelo peixe, eles envolveram o corpo em linho e o colocaram no templo de Abidos. Depois de Hórus lutar contra Seth, ele voltou para Abidos com o olho que ele ganhou de seu tio diabólico. Osíris sentava em seu trono com seu mangual e cetro. Hórus abriu sua boca e o fez comer o olho, que o deu a vida eterna. Esse mito foi a origem do ritual da abertura da boca, durante o funeral egípcio. Hórus colocou então uma longa escada que ia de Abidos para o céu, e Osíris subiu lentamente acompanhado de Isis e Néftis. Thot os seguiu carregando o livro dos deuses e Hórus ajudou seu pai a subir. Enquanto subiam, sentiam a brisa dos quatro cantos da terra, e o barco solar os iluminava. Até que chegaram ao topo das duas montanhas, e pisaram no chão de cristal. Agora, como imortal Osíris foi encarregado a julgar as vidas dos mortais que o seguia.
Isis voltou a terra e prometeu nunca mais se casar e continuou sendo uma perfeita Rainha das duas terras, famosa pelo seu senso de justiça e caridade. Depois de sua morte alguns acreditam que seu corpo foi enterrado em Memphis e outros acreditam que foi enterrado em seu templo em Philae, mas sua alma se juntou ao mundos dos deuses, ao lado de seu marido Osíris. (Armour, 1989)
Uadjit era a deusa da cobra alada, criadora do papiro e símbolo do Baixo Egito.
Uadjet era associada à proteção, justiça e ao poder de cura. Esses poderes podem ser vistos em vários mitos egípcios, como nos exemplos abaixo.
Uma vez seu pai, Ra, enviou o olho de Uadjit a procura de seus irmãos, Tefnut e Shu, que estavam perdidos nas águas. Ra ficou tão feliz quando eles retornaram que chorou, e de suas lagrimas criou os primeiros seres humanos. Com isso Rá colocou o olho do Uadjet em sua cabeça como recompensa e proteção.
Os poderes de cura de Uadjet apareceu em um mito onde o Olho de Uadjet foi quebrado em uma batalha contra Seth, o Deus do Caos. Após a batalha, o Olho foi restaurado com a ajuda de Toth, e passado para Osiris que o usou para guiá-lo através do submundo, em sentido a ressurreição. Os pedaços do olho de Uadjet (ou Olhos de Ra) representam as partes de um todo “ou uma fracção em matemática egípcia.”
Podemos ver o poder de Justiça de Uadjet em um mito onde O Deus Geb tinha violado sua mãe antes de se tornar rei, e quando ele foi colocar a sua coroa real decorada com a serpente de Uadjet, a cobra da coroa atacou à ele e à seus seguidores, como uma forma de puni-lo por sua atitude erronia.
Símbolo muito popular na mitologia Egípcia, conhecido como Olho de Hórus, Rá, Thot, ou Uadjit.
Olhos de Hórus:
Hórus era o deus do Sol, uma divindade celestial, seu olho direito era associado ao sol, e o esquerdo, a lua.
Diversos mitos Egípcios descrevem duelos entre Hórus e Seth, seu Tio, deus do Caos, que disputavam o trono deixado por Osíris. Durante os duelos o olho de Hórus era esquartejado por Seth, e depois restaurado com ajuda de outras deidades como Hathor e Thot.
O amuleto do Olho de Hórus, udjat, significava:
“A força do monarca,
O conceito de realeza, proteção contra Seth,
agente de purificação real,
oferendas no festival da lua crescente.” (Hart, 2005)
O Olho de Hórus também serve como guia e proteção nos mitos egípcios. Como em outro mito em que Seth esquarteja o Olho, após restaurado o Olho é oferecido à Osíris para o guiar à ressurreição, o orientando no submundo. O Olho também era visto como guia no mito da Deusa Uadjit.
Olho de Uadjit
Uadjit era a deusa da serpente alada, criadora do papiro, símbolo do baixo Egito. Em um mito, Ra, seu pai, enviou o Olho de Uadjet a procura de seus irmãos, Tefnut e Shu, que estavam perdidos nas águas. Uadjit encontrou seus irmãos. Ra ficou tão feliz quando eles retornaram que chorou, e de suas lagrimas criou os primeiros seres humanos. Com isso Rá colocou o olho do Uadjet em sua cabeça como recompensa e proteção.
O Olho de Hórus também pode ser visto como:
Símbolo da matemática: 1 dividido pelos 6 múltiplos de 2
Símbolo de vida, ressurreição, cura e proteção.
Símbolo das fases da lua e eclipse.
O sol e a lua olhos de Rá e Thot.
Minha interpretação: O fim também é um começo. Os olhos do morto serviram como um recomeço para o outro. As partes fazem um inteiro.
No tarot egípcio:
A aprendizagem adquirida pela experiência. Sabedoria. Evolução.
Homem com cabeça de íbis, as vezes representado por um babuíno com chapéu da lua cheia e crescente. Deus da sabedoria, magia, ciência, medicina, escrita, matemática, da lua e do tempo, aquele que mantem a ordem no universo.
Thoth era um dos deuses mais importantes na mitologia egípcia. Participando de diversos mitos onde intervinha com sua sabedoria, seus poderes mágicos e medicinais.
· A origem de Thot nos mitos é ambígua, mas um deles diz que Thoth era o filho mais velho de Rá, deus sol, criado com a ajuda de Atum e Khepri. Thoth desceu a terra trazendo “os segredos que pertenciam ao horizonte. ”
· Mitos dizem que Thot ganhou sua autoridade sobre o Homem quando foi nomeado ajudante de Rá. Rá estava cansado de tanto trabalho e decidiu dar seus poderes para outros deuses, Thot seria seu escriba, mantendo em ordem aqueles que residem na terra e aqueles que rebelem contra Rá. Ele também era visto como o coração de Rá, com isso era a fonte de sabedoria do deus sol (para os Egípcios o coração tinha as funções que hoje associamos com o cérebro).
· Rá deu à Thot a Lua para balancear o Sol. Como deus da lua, Thot usou sua sabedoria de matemática para medir as estações e regular o tempo. Ele pesquisou o céu e planejou o formato da terra. A estabilidade do universo dependia de sua matemática celestial.
· O olho de Thot ou olho de Rá é associado com as Frações na Matemática, as partes de um todo (1 dividido pelos 6 múltiplos de 2), assim como as fases da lua.
· Thot também tinha o poder da magia e da medicina. No Egito a medicina era interligada com a magia e a religião, e era praticada por médico-sacerdotes. Nos mitos, Thot usava sua medicina mágica para ajudar outros deuses. Por exemplo quando ele ajudou a deusa Isis na ressurreição de seu marido Osíris, o que à permitiu gerar seu filho Hórus. O menino Hórus foi então criado por sua mãe escondido de seu Tio Seth, o assassino de seu pai. E ainda durante a vida da criança, Thot o salvou de uma grave picada de escorpião. (veja o mito de Osíris).
· Thot também teve seu lugar em outro mito muito importante no Egito, “O Julgamento de Osíris. ” Egípcios acreditavam que após a morte a alma do indivíduo passaria pelo julgamento de Osíris, aonde parte da alma, representada pelo coração, seria posta na balança, e seu peso comparado com o peso da pena da verdade. Se a pessoa viveu uma vida honesta, livre de pecados, sua alma seria tão leve quanto a pena da verdade e o individuo poderia se juntar a outros deuses no além; caso a pessoa teve um passado questionável e não conseguisse se desculpar com orações e feitiços, o indivíduo seria devorado pelo devorador de almas, Ammit (O deus com cabeça de crocodilo e corpo de hipopótamo). Durante o julgamento, Thot era visto ao lado da balança anotando veredicto.
· Como deus da escrita, criador dos hieróglifos e da linguagem, Toth foi considerado o autor do “Livro dos Mortos”, “O livro das Respirações” ambos livros que eram na realidade diversas inscrições postas nas tumbas para guiar os mortos pelo submundo e pelo “Julgamento de Osíris”. Thot era também autor do famoso, enigmático “Livro de Thot” .
· Existem muito interesse e contemplação a respeito do “Livro de Thot”. Historiadores e visionários ao longo da história se inspiraram nele, com isso existem diversas especulações sobre seu conteúdo, sua existência, e sua influência no futuro da Religião, magia, cabala e o Tarot em si.
· O “livro de Thot” continha suas formulas mágicas, há controvérsias sobre a quantidade de páginas em sua obra. 1 versão diz que ele tinha 2 páginas, uma lidando com a mágica para encantar a natureza, e a outra a mágica para controlar o mundo dos mortos. Já outra dizia que era 42 livros lidando das leis, educação dos padres, história do mundo, geografia, hieróglifos, astronomia, astrologia, religião e medicina. Também as 78 cartas de tarot foram atribuídas as páginas do livro de Thot.
· Existe um conto Egípcio que fala da história de Setna e sua busca ao Livro de Thot. Setna, era filho do faraó Ramses II, ele era diferente dos outros príncipes, não se preocupava com poder, sua ambição era pela sabedoria. Setna se tornou um grande estudioso, o escriba real; ele conhecia todos os hieróglifos das civilizações antepassadas. Seus serventes costumavam trazer para ele papiros de bibliotecas e templos espalhados pelo Egito; Setna e seus assistentes interpretavam os textos e guardavam copias na biblioteca real. Foi em um desses papiros em que ele soube sobre a história de um príncipe chamado Nefrekeptah, filho do Faraó Amenhotep, que reinara alguns séculos antes de Setna. Nefrekeptah era um escriba e mago assim como Setna, e supostamente ele tinha encontrado o “Livro de Thot” e lido todos seus segredos, e que o livro foi enterrado com ele em sua tumba.
O “Livro de Thot” continha a coleção de encantos que daria ao leitor o poder da linguagem dos animais, como também o poder de ver o vento e ouvir o sol, o segredo dos deuses e o canto das estrelas.
Setna teve um desejo imenso de encontrar este livro, e se apoderar destas sabedorias. Com isso ele embarcou em uma jornada com seu irmão, Anheru a procura da tumba de Nefrekeptah. Setna encontrou a tumba e ao entrar se debateu com a múmia de Nefrekeptah segurando um rolo de papiro em seu busto, com duas cadeiras a seu lado, de um lado o fantasma (ka) de uma mulher, e do outro o ka de um jovem. Foi então que o ka da mulher alertou Setna a não pegar o livro da múmia de seu marido, porque ele seria amaldiçoado assim como eles foram.
· Ela então contou a trágica história de seu marido, ele era estudioso, curioso assim com Setna, um dia quando estudava as inscrições, um velho sacerdote veio para ele e falou que toda aquela sabedoria era inútil comparada com a sabedoria dos deuses, e que essa sabedoria estava relatada no “Livro de Thoth”. Após suplicar e subornar o sacerdote, ele informou ao príncipe a localização do livro de Thoth; o livro estava no meio do Nilo, trancado em uma série de caixas valiosas. Nefrekeptah foi em busca desta urna, e a encontrou no local citado. Ela era guardeada por diversas feras peçonhentas (escorpiões e cobras indestrutíveis), que acabaram sendo derrotadas pelo poder do filho do Faraó. O Faraó então abriu caixa por caixa (uma caixa de ouro dentro de uma caixa de prata, dentre de uma de ébano e marfim, dentro de uma madeira, finalmente dentro de uma caixa de Bronze). Quando finalmente chegou ao livro, ao abrir-lo aprendeu toda sua magia e sabedoria instantaneamente, como um feitiço. Mas todo seu aprendizado não foi suficiente para lutar contra a fúria dos deuses, que como vingança atiraram a princesa e seu filho no rio, e os afogaram. Nefrekeptah tentou usar a magia para lutar contra a força dos deuses, mas não conseguiu, então amarrou o livro de Toth sobre seu busto, antes levar o mesmo destino de sua esposa e filho. Seu corpo, junto ao livro, foram encontrados por seu pai boiando no rio Nilo. Seu corpo foi então sepultado ali, aonde Setna o encontrou.
· Ao ouvir a história de Nefrekeptah Setna ficou impressionado, mas ainda não tinha medo. Ele se via mais inteligente que Nefrekeptah, e sua luxúria pela sabedoria fez o prosseguir a retirar o livro da múmia. Foi então que Nefrekeptah o desafiou a um jogo de tabuleiro, senet, o vencedor teria o livro. Setna concordou, mas a cada vez que uma de suas peças foram comidas por Nefrekeptah, o poder do defunto fazia Setna afundar para dentro da terra, quando só sua cabeça permanecia para fora, ele ordenou que seu irmão lhe desse seu cajado mágico, e o usou para sair do solo. Ele então roubou o livro de Thot e fugiu do sarcófago, deixando o Nefrekpatah aos berros, dizendo que ele tinha certeza que um dia Setna retornaria suplicando perdão e retornando o livro.
Setna levou o livro para seu pai, Ramses, quem o ordenou retornar o livro a tumba do príncipe, mas Setna não o obedeceu, ele o manteve e o estudou. Com o livro sua mágica ficou mais poderosa, sua sabedoria- suprema, aprendeu a linguagem das feras, como ver o vento, ouvir o sol e o segredo dos deuses e o som das estrelas. Muitos vinham de longe ouvir sua sabedoria e aprender com ele.
Ele se casou e teve um filho e uma filha, porém um dia ele avistou uma bela jovem e se apaixonou completamente por ela. Ao procurar saber sobre ela, ele descobriu que ela era Tabubua, filha do Sacerdote de Bast. Com isso ele ficou obcecado em busca de seu amor. Com sua mágica à encontrou e à mandou uma mensagem. Até receber a resposta, ele não comia, não bebia, e não lia mais do livro de Thot, a sabedoria não era mais sua prioridade, mas sim o seu desejo pela moça. Tabubua o respondeu e ele foi ao seu encontro. Quando à encontrou, ela o informou que ela era filha da própria deusa Bast, e que sendo deusa, ela não aceitaria a poligamia, para ficar com ela ele teria que se divorciar de sua esposa, e sacrificar seus filhos. Sego por seu desejo, o Príncipe obedeceu a Deusa, com sua mágica criou o documento de divórcio e comandou que seus filhos fossem sacrificados para alimentar os gatos de Bast. Após satisfazer as condições da deusa, a bela jovem se aproximou do Deus e ele à abraçou. Quando que estava prestes a satisfazer seu desejo, a bela moça se transformou em um defunto. Setna gritou e a escuridão tomou conta de sua visão.
Ele acordou, e se deu conta de que estava deitado no meio da rua na cidade de Memphis. E não existia nenhum sinal de Tabubua ou seu palácio. Era tudo um sonho, um pesadelo aterrorizante, ele voltou pra casa e encontrou sua mulher e filhos vivos.
Ele então viu isso como um sinal que ele tinha o dever de devolver o livro ao túmulo. Então Setna voltou ao túmulo arrependido pedindo perdão ao morto. Nefrekptah concordou em o perdoar se ele fizesse o favor de trazer o corpo de seu filho e sua esposa para descansar próximo a ele em seu sarcófago. Setna concordou e seguiu a sua nova missão, onde ele resgatou a múmia da família de Nefrekpath e as retornou a seu sarcófago com uma festa funerária em honra deles organizada pelo grande faraó Ramsés.
O “Livro de Toth” inspirou não só os escribas egípcios mas também estudiosos e pensadores ao longo da história. Sendo ele inspiração para a criação do baralho que usamos na TarotDoor o tarot egípcio da Kier por J. Iglesias.
Deus que veste o chapéu de duas prumas de avestruz, Rei dos Deuses, Deus Nacional do Egito, foi associado com um carneiro, com o sol; com o ar e o vento do sopro da vida; padroeiro dos navegadores.
Deus nacional do Egito a partir da Décima oitava Dinastia.
Como Rá, Amon-Rá foi associado como o Deus Sol quem criou o universo, sendo fonte geradora de toda a vida.
Amon também foi associado com o vento e o ar, sendo assim deus dos marinheiros, era chamado “o piloto que conhece as águas.” (Armour, 1989)
Como Deus Nacional, Amon, tinha poder político, era protetor do Faraó e garantia a vitória contra os inimigos. Amon era celebrado no festival de Opet. Opet era um dos mais importantes festivais no Egito. Ele marcava o início da estação de cheia do Nilo. Egípcios vinham de todos os lados para a cerimônia, que durava muitos dias. No auge da cerimonia avia um ritual onde Amun transferia seus poderes para o Faraó ou Faraóa. Tinha música, dançarinas, comida e bebida de graça e processões. Em uma procissão o Sacerdote benze estatuetas de deuses em seu templo, e as colocam dentro de uma urna que é posto em uma arca e carregada na procissão ao rio Nilo. (Armour, 1989) (Watson, 2011)
Amon não só dava sua força para os faraós, mas era pai ou padrinho dos Reis e Rainhas líderes dessa época. Um mito que ilustra esse atributo é o mito da Faraoa Hatshepsut. Hatshepsut governou no Egito em 1479 BC, assumiu o reinado após a morte de seu marido e meio irmão Thutmose III. O mito dizia que Amon incorporou em seu pai, e fez amor com a Rainha, concebendo a criança sagrada que seria herdeira do trono.
Um outro fato interessante sobre Amon era que supostamente ele era capaz de controlar o tempo de vida de indivíduos, ele podia prolongar ou diminuir o tempo de vida das pessoas, e dar mais anos de vida a quem ele amava. (Shorter, 1993)
No Tarot ele aparece nas cartas:
56, 64 (chapeu), 74
Há muita especulação sobre a história do Faraó Akhenaton, pois ele trouxe uns dos primeiros indícios do monoteísmo na história da religião. Listarei aqui alguns fatos e hipóteses sobre sua vida e seu reinado.
Akhenaton foi o 9º Faraó da 18ª dinastia e reinou de 1356ac até sua morte, aproximadamente 17 anos.
Seu pai era Amenhotep III e sua mãe a Rainha Tiye. Morava com sua família na capital do Egito, Tebas, cede diversos templos e túmulos dedicados a preservação e veneração de antigos faraós e dos deuses egípcios. O deus mais popular na época era o Deus Amon-Rá, e seus sacerdotes tinham poder excessivo sobre a sociedade.
Akhenaton aparentava ser “a ovelha negra da família” por estar absente em muito retratos de família e parece não comparecer a cerimonias religiosas. Ele não era o sucessor escolhido por seu pai, mas era protegido por sua mãe, a poderosa rainha Tiye, quem o pôs no poder após a morte de seu irmão e de seu pai. (Pharaoh Akhenaten, n.d.) (Brier, 2014)
Akhenaton se casou com a famosa Rainha Nefertiti. Nefertiti foi muito influente em seu Reinado, se tornando co-faraóa e cumplice de Akhenaton em seu governo.
Akhenaton era um revolucionário que lutou para transformar radicalmente a cultura Egípcia:
na religião: a transformando temporariamente o politeísmo para monoteísmo ou henoteísmo,
na arte: introduzindo o naturalismo, (expressando as verdadeiras qualidades físicas do faraó e sua família),
e também na arquitetura– com diversas inovações, que podem serem vistas na cidade de Amarna. Um exemplo sendo que os templos de Akhenaton não tinham teto, para melhor contemplação do deus sol Aton.
No segundo ano de seu reinado ele nomeou Aton, o deus do arco solar, o deus Supremo, todo criador, sua graça brilhava sobre o Rio Nilo. Akhenaton se pronunciou o profeta de Aton na terra e mudou o seu nome de Amenhotep para Akhenaton (O que bem serve à Aton) e o nome de sua esposa para Nefertiti (Beleza, é a belaza de Aton).
– Akhenaton e Nefertiti se mudaram para Amarna onde construíram uma nova capital, bem planejada com distritos urbanos, piscinas, jardins, e uma avenida paralela ao Rio Nilo. A construção possuía um estilo único de arquitetura.
Fora de Amarna, Akhenaton fechou e destruiu templos dedicados a outros deuses, confiscou fazendas e bens de sacerdotes que preservavam a antiga religião e o sistema associado com ela (Bunson, 2002).
Apesar de tudo, o período de Monoteísmo no Egito não foi duradouro, e mesmo durante o reinado de Akhenaton os poderes foram sendo restituídos aos deuses tradicionais.
Há especulações de que Akhenaton e Nefertiti focaram demais na reforma religiosa, negligenciando outros aspectos do império, causando uma instabilidade no Reinado, e que os conflitos gerados nessa época marcam o início do declínio da antiga civilização egípcia.
Alguns historiadores acreditam que Nefertiti se tornou muito poderosa, e que tarde no reinado ela se tornou Co-Faraóa, se mudou e construiu seu próprio império. E que, após a morte de Akhenaton, ela governou o Egito sozinha por 2 anos. O casal teve 7 filhas e nenhum filho homem. Há indícios de que uma delas, Meritaten, tomou o lugar de sua mãe quando Nefertiti partiu para seu próprio reinado. Não podendo gerar um sucessor homem com Nefertiti, Akhenaton teve seu filho, Tutancâmon, com outra mulher, possivelmente sua própria irmã. Nefertiti adotou Tutancâmon e o criou junto às suas filhas. Tutancâmon assumiu o reinado de seu pai com apenas 8 ou 9 anos, foi aconselhado por Nefertiti, e depois por sua esposa e irmã Ankhesenamun. Infelizmente, o casal não teve sucessores, recentemente o tumulo da múmia do feto de seus filhos foi encontrado. Tutancâmon morreu Jovem. Após sua morte não é muito claro se seu trono foi tomado por Ay, seu tiu avó ou pai de Nefertiti, ou por um comandante Horemheb. O império Egípcio passou um tempo desestabilizado até a era dos Rameses (David, 1992) (Hawass, 2010)
O Surgimento do Monoteísmo, a morte precoce de Tutancâmon e a aparente desfiguração física vista nos retratos de Akhenaton e sua família, geraram muita curiosidade por estudiosos em diversas áreas como arqueologia, medicina, religião, psicologia. Muitas hipóteses foram criadas sobre ele e sua família, por exemplo:
• Que sua figura feminina e crânio alongado eram sinais de uma doença genética, que causou sua morte prematura tanto quanto a de seu filho Tutancâmon.
• Que Akhenaton sofria de Epilepsia, e suas crises eram desencadeadas pela luz (do Deus Sol Aton), trazendo visões ao Faraó. (Hamzelou, 2012)
• Sigmund Freud em seu livro Moses and Monotheism associou Akhenaton e suas ideias monoteístas a Moisés. Ele disse que Moisés era um membro da nobreza Egípcia e que seu Êxodo ocorreu após o reinado de Akhenaton, levando com si a religião de Atom. Algumas semelhanças entre as duas religiões traçadas por Sigmund Freud são: o fato de ambas cultuavam um único deus e serem intolerantes a adoração de outros deuses; e nas duas religiões, esse deus não era manifestado por uma imagem especifica (como uma pessoa ou um animal), para Akhenaton a energia de Aton era manifestada através de seus raios; e o fato que ambas praticam o ritual de circuncisão, que era comum entre a nobreza egípcia e muito importante para os Judeus. (Hill, 2010) (Pharaoh Akhenaten, n.d.) (Freud, 1937) (Edmundson, 2007)
Os estudos da tumba de Tutancâmon com as múmias de sua família esclareceram algumas questões sobre Akhenaton e sua família. A tomografia das múmias de Akhenaton e Tutancâmon não comprovaram a hipótese de que eles tinham uma doença genética como Síndrome de Marfam, que causariam o crânio alongado e o corpo afeminado. O Crânio e o corpo dos cadáveres pareciam ser normais. Zahi Hawass e sua equipe então deduziram que a cabeça alongada e os traços femininos retratados nas imagens de Akhenaton eram símbolos de Aton, que possuía tanto o feminino, quanto o masculino, sendo assim a fonte de toda a vida. Os arqueólogos também notaram que Tutancâmon sofria de necrose em seu pé, e caminhava com ajuda de uma muleta, outras evidências para isso eram as muletas encontradas em sua tumba e os retratos de Tutancâmon que ilustravam ele sempre sentado. Além disso, analises do DNA revelaram que Tutancâmon sofreu de malária. Aparentemente Tutancâmon, como consequência da endogamia de seus pais (sendo eles irmãos), era fraco e tinha o sistema imune debilitado assim vulnerável a quedas, infecções e viroses, o que provavelmente causou sua morte precoce. (Hawass, 2010) (F. J. Ruhli, 2013)
Em conclusão, Akhenaton, Nefertiti, Tutancâmon e toda 18ª dinastia, marcada por ideias revolucionarias, mulheres poderosas e drama familiar, despertou e desperta muita curiosidade. Com sua tumba Tutancâmon procurou preservar a vida eterna de seu espírito e os de seus ancestrais, este relato comprava que ele vem sucedendo em preservar seu espirito vivo em nossas mentes, nos mantendo fascinados pela cultura e história desse grande império e seus líderes. Muitos embarcam nessa jornada em busca de desvendar a história egípcia e com isso as histórias de nossas próprias raízes, mas a realidade em si nunca saberemos, mesmo os cientistas confirmam, que as pistas são insuficientes para decifrar o enigma dos Faraós.